De volta à ditadura

Não vivi na época áurea da ditadura militar em nosso país, mas sempre ouvi comentários a favor e contra o regime. Meu pai vivia dizendo que nessa época não havia tanto banditismo, não havia corrupção, entre outras coisas. Tenho lá minhas dúvidas, pois o regime feria e muito a constituição brasileira, principalmente ao direito a liberdade de expressão. Porém, hoje vendo o que está acontecendo na sociedade brasileira, acho que ela, a ditadura, ainda não acabou, apenas mudou de cor como um camaleão.

Hoje não posso nem dizer que vou comprar um sapato preto que posso ser processado por racismo, se eu tiver uma empresa e divulgar a existência de uma vaga, se elaborar um processo seletivo para contratar um funcionário e nessa lista tiver um homossexual e não contratá-lo, posso responder um processo por homofobia. Não que eu seja preconceituoso ou homofóbico, pois venho de uma família de cor e 90% de meus amigos são gays e sempre os tratei com respeito, pois acima de qualquer coisa, são seres humanos. Mas percebo que o caos está se instalando na sociedade.

Sempre fui a favor de direitos iguais, uma sociedade onde a diferença fosse apenas aos costumes e não na cor, na minha opção sexual ou seja lá o que for. Mas vemos alguns grupos que estão transformando essa luta numa nova ditadura. Tenho que concordar com tudo o que dizem, senão sou preconceituoso ou homofóbico, ferindo assim o meu direito de escolha. Se usar a palavra “negrinho” para meu filho ou conhecido, sou preconceituoso, até livros de nosso grande escritor Monteiro Lobato querem tirar de circulação por ter passagens preconceituosas. Tenha santa paciência, um pouco de cultura e informação não faz mal a ninguém, inclusive fornece material para que tenham um argumento mais consistente ao defender seus pontos de vista.

         Diante desse cenário que se desdobra, creio que devemos fazer voto de silêncio, não podemos ter opinião própria, temos que acatar o que determinado grupo impõe, quer dizer, estamos de volta a ditadura, agora imposta por quem vive ao nosso lado e se acha melhor do seu próximo.